ESHTE Tourism Talks Vol. I

1 2 6 Também na Terra Santa, se assistiu a um ressurgimento do interesse pela peregrinação, após a publicação de “Peregrinação a Jerusalém e ao Monte Sinai em 1831, 1832, 1833”. Nesta, o seu autor, Géramb, alertava a opinião católica, e o próprio papado, sobre o abandono dos lugares santos pelos latinos, em favor dos outros cristãos. No seguimento desta campanha de sensibilização, Pio IX restabeleceu, em 1848, o patriarca romano na cidade santa. Com o dealbar do século, o jubileu romano de 1900 atraiu ao Vaticano milhares de peregrinos, constituindo uma inovação muitos terem aproveitado as condições vantajosas oferecidas pelas agências de viagens. Na realidade, a partir do início do século XX, observou-se uma transformação na organização das peregrinações. Para além dos progressos técnicos e da rapidez dos novos meios de comunicação (o carro, o autocarro, o comboio e o avião), os profissionais de turismo passaram a ocupar-se da logística inerente às deslocações e à estada dos fiéis, seguindo as determinações estipuladas pelos responsáveis religiosos. Se as duas Grandes Guerras Mundiais interromperam ou diminuíram o fluxo de peregrinos a alguns santuários, não pararam o seu movimento. De acordo com Branthomme (1982), os acontecimentos políticos ou económicos não têm uma influência direta no fenómeno espiritual, variado nas suas expressões, mas permanente no tempo; só a perseguição durável e perseverante o pode afetar com gravidade. Num ambiente, de novo propício às peregrinações, destacam-se, na Península Ibérica, o despertar de Santiago de Compostela e o desenvolvimento de Fátima. No primeiro, a experiência é central, sendo o objetivo quase periférico; parafraseando Vidal (1996), muitos dos que marcham na “antiga rota das estrelas” são agnósticos e, entre os crentes, muitos não acreditam que o corpo deposto na catedral seja o de São Tiago, contudo, não se tratando de uma simples caminhada, a solidariedade e a liminidade do processo produzem nos peregrinos um claro efeito espiritual. No segundo caso, o santuário registou, após 1920, uma afluência crescente, tendo as visitas sucessivas de Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e Francisco reforçado o lugar de Fátima, na sensibilidade religiosa do mundo contemporâneo. Em França, e inclusive no plano internacional, Lourdes estabeleceu-se como o protótipo de santuário, organizando-se as peregrinações de forma a serem um momento privilegiado para a vida das paróquias e sobretudo das dioceses. Os padres e os bispos D A S P E R E G R I N A Ç Õ E S C R I S T Ã S / C A T Ó L I C A S A O T U R I S MO R E L I G I O S O

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