ESHTE Tourism Talks Vol. I

3 9 catapultados para novos horizontes impressivos no que se reportará à intensidade e à densidade das experiências disponibilizadas aos turistas, seja pela flexibilidade que permitirão no âmbito das suas composições geográficas, seja pela separação acrescida que possibilitarão entre o observador e o observado (o turismo à distância de um clique, o turismo “no sofá”). Relativamente ao segundo aspecto mencionado, a robotização, tendo em consideração a quantidade apreciável de tarefas rotineiras a que o sistema turístico recorre e, tendo igualmente presente os avanços que a inteligência artificial e a automação vêm experimentando - e seguramente, experimentarão no futuro -, é de considerar que uma enorme quantidade de tarefas actualmente desempenhadas pelos intervenientes humanos, venham, progressivamente, a ser automatizadas (segundo estimativas3, 66% dos postos de trabalho nos âmbitos do alojamento e restauração e 53,9 milhões de empregos substituídos, até 2055, por máquinas). Verifiquem-se, ou não, estes números, uma coisa será certa: a capacidade tecnológica crescente concorrerá para uma desvalorização e uma substituição, da base para o topo, de parte das tarefas associadas ao capital humano do sector, processo esse que será, contudo, mitigado pelas próprias características intrínsecas do turismo enquanto actividade, designadamente a importância do elemento humano na valorização dos serviços turísticos (hight touch), bem como a sua indispensabilidade enquanto fonte de criatividade e de inovação. Todas estas mudanças acolherão - e produzirão - o turista do futuro, o qual, após a fase do visitante formatado pelo turismo de massas, a versão turística do “fordismo”, evoluiu para um outro patamar - o do período do “pós-modernismo” turístico - caracterizado, entre outros aspectos, pela individualidade, pela pluralidade, pela mistura do real e do imaginário, bem como pela ausência de regras formatadoras da expressão unitária. Neste novo contexto, o turista tenderá a ser ainda mais heterogéneo, com mais experiência acumulada, muito mais informado, autónomo e activo, posicionando-se em rede (networked) e dominando as novas e avançadas ferramentas tecnológicas. Num outro plano, desejará mais ardentemente relacionar-se, conhecer e participar nas vivências do destino através da partilha de momentos marcantes e inesquecíveis induzidos pelas emoções, laços, afetos e sensações que decorrerão das experiências 3 McKinsey Global Institute (2017). M U D A M - S E O S T E M P O S , M U D A M - S E A S V O N T A D E S

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