ESHTE Tourism Talks Vol. I

4 0 turísticas que eles próprios ajudarão a construir e em que imergirão, as quais, em última análise, os transformarão em pessoas mais conhecedoras dos outros, mas, sobretudo, mais conhecedoras de si próprios. Voltando à situação actual que vivemos, indiscutivelmente um período de grande mudança, já para não dizer de mutação relativamente à realidade anterior a 2020, as questões centrais que importarão colocar incidem sobre o tipo de turista que emergirá deste longo período de restrições e de medos, as disponibilidades financeiras de que disporá nos anos de recuperação económica que obrigatoriamente se sucederão à crise sanitária e a forma como esse mesmo turista pós pandemia irá encarar o turismo, o mesmo é dizer de forma agregada, o que procurará nos seus tempos de lazer, o que o motivará para empreender deslocações turísticas, que territórios sentimentais o atrairão e, igualmente, de que forma valorizará aquilo que lhe é oferecido e proporcionado pelo microcosmos da oferta. Teremos uma nova realidade em que o potencial turista, após longos meses de constrangimentos causados pelas medidas de protecção aos avanços da pandemia, explodirá, numa vontade irresistível de libertação, enquanto consumidor de viagens e de estadas? Ou, antes pelo contrário, se virará mais para as vivências familiares e do seu círculo de amigos e de conhecidos, também elas muito limitadas pelas imposições legais e pelas necessidades de compartimentação dos contactos e das relações sociais? Continuarão as motivações associadas às deslocações muito ligadas ao entretenimento e à détante? Ou, pelo contrário e como já se vinha verificando, reforçar-se-á a importância de outras, designadamente a vontade de contribuir para um mundo mais justo e melhor ou, como apontam Pine & Gilmore (1999) nos seus trabalhos sobre a economia da experiência, as educativas, as de evasão e as estéticas? Continuarão as grandes áreas receptoras turísticas a manter a sua anterior capacidade atractiva? Ou, ao invés, experimentarão uma diluição da sua importância devido à emersão, absoluta ou relativa, de outras que recomporão os arquipélagos turísticos existentes e que consubstanciarão novas preferências e novas afectividades, designadamente as que se reportarão aos territórios de baixas densidades e aos destinos mais recônditos e exóticos? Seguirá a grelha de avaliação dos produtos e dos destinos turísticos marcada, no seu essencial, pelo feixe de elementos associados à relação qualidade/preço dos bens e dos M U D A M - S E O S T E M P O S , M U D A M - S E A S V O N T A D E S

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