ESHTE Tourism Talks Vol. I

5 1 Mesmo assim estou convencida que o turismo recuperará em pleno. Não da mesma forma, com a mesma distribuição territorial. Haverá países e destinos que, ou por opção estratégica, ou por efeito de deslocações na procura terão fortes contracções. E outros que emergirão, tanto geograficamente como na busca de novas experiências. Talvez o Turismo devesse reinventar-se. Porque a pandemia silenciosa que nos recusamos a ver, as alterações climáticas, farão desta crise Covid apenas um curto percalço, face à dimensão global e catastrófica das alterações climáticas. Sublinho catastrófica. E mesmo para os que imaginam um mundo igualzinho ao período pré pandemia, altamente improvável, esse é um cenário de curta ou média duração, e esse sim com ameaças dramáticas ao turismo e reorganização dos fluxos mundiais, onde muitas zonas costeiras desaparecerão e com dramáticas alterações de temperaturas entre muitas outras ocorrências. A experiência da pandemia tem sido devastadora e aterradora. O medo do Outro é a antítese do Encontro da Viagem. O risco e a percepção do risco hiper mediatizados paralisam as dinâmicas sociais. Entre os efeitos concretos da pandemia, a incerteza e o medo, joga-se um outro factor fundamental: a confiança. (Giddens, 2000) Para haver confiança tem que haver esperança. Esperança de que vamos ultrapassar esta pandemia como ultrapassamos outras, mas sobretudo que estaremos melhor preparados para a próxima seja sanitária, climática, financeira ou outra. É neste contexto de incerteza risco e metamorfose (Beck, 2016) que o Turismo se pode reinventar. O turismo está a ser dos sectores mais castigados mas recuperará em pleno. Disso tenho a certeza. Diz quem não é de certezas. Porque Viajar é Respirar. É Viver. A viagem é talvez o símbolo por excelência do cosmopolitismo global que é fortíssimo nas gerações mais jovens. Viaja-se para assistir ao concerto da nossa banda favorita. Viaja-se para ir a um festival literário cinematográfico de dança ou teatro. Viaja-se para experienciar a infância nos parques temáticos. Viaja-se para saborear deliciosas iguarias. Viaja-se para nos banharmos em praias paradisíacas. Viaja-se para participar em jogos de Dark Tourism sejam de fantasmas ou em cemitérios. Viaja-se para conhecer um povo através da sua arte, dos seus monumentos, do seu património. Viaja-se para experienciar culinárias, comeres, beber vinho e fazer vinoterapia. Ou talassoterapia. Ou uma imensidão de ofertas T U R I S MO S , R I S C O S E É T I C A N A E R A D A P Ó S - V E R D A D E

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