5 2 de spas. Viajamos para nos perdermos e nos encontrarmos. Não podemos passar sem a viagem. Cada vez mais de nós a sente como um direito. Uma necessidade. Uma experiência memorável. E são as experiências que nos enriquecem. E nos definem. O turista é um coleccionador de experiências. E um coleccionador ávido e pouco fiel. Um experimentador. A grande questão é que o turismo é das áreas da nossa vida talvez a que mais reflecte o todo. Quer isto dizer que a severidade dos efeitos da pandemia tanto mais afectarão o turismo quanto afectarem as nossas vidas. Numa situação global de maior escassez de recursos a competição tornar-se á feroz. E os efeitos serão desiguais consoante a comunicação do risco e a percepção pública desse risco. E o nível de dependência dos países do sector turístico. Vimos nos últimos meses a unanimidade dos discursos sobre o turismo interno. Em todos os países. Às vezes com um certo tom de desencanto. Este ano lá temos que nos contentar com o turismo nacional. Talvez devêssemos começar a pensar em ter uma política robusta e sistemática para o turismo interno. E mais diversificada e de nicho para o turismo externo. Com maior diversidade de ofertas. Com uma forte ligação às Artes e à Cultura. (Joaquim e Santos, 2019) Ao turismo cinematográfico. Ao Dark Tourism (Joaquim, Santos e Belo, 2019). Ao turismo criativo. E a tantas mais experiências memoráveis que não cabem neste artigo de opinião. Os segmentos de Turismo de Bem Estar estão também a consolidar-se. (Santos e Joaquim, 2019). E sobretudo repensar a estratégia do alojamento local. Eu vivo no centro de Lisboa. Aqui durante o estado de emergência vivemos numa distopia total. As pessoas desapareceram literalmente. Faço longas caminhadas pelo centro de Lisboa e deixei de fazer nesse período porque não aguentei. Uma cidade morta. Deserta. E continua quase assim. Finalmente percebi que não é do confinamento. É que aqui não há quase pessoas. Um terço de todas as casas é alojamento local. Tudo muda quando se vai até à Estrela ou Campo de Ourique. Aqui na Misericórdia continuamos confinados porque não há gente para sair à rua. Porque quase só havia turistas. E agora não há. Podemos chamar nossa a uma cidade que já não habitamos? E finalmente o meu grande pesadelo recorrente: as alterações climáticas. Aliás tenho duas obsessões recorrentes, as desigualdades sociais e as alterações climáticas. As T U R I S MO S , R I S C O S E É T I C A N A E R A D A P Ó S - V E R D A D E
RkJQdWJsaXNoZXIy MTE4NzM5Nw==