ESHTE Tourism Talks Vol. I

6 0 como as pessoas processam e documentam a experiência humana” (Stanford Humanities Center, n.d). No entanto, os factos humanos e a ação humana não nos apresentam o regular e o singular como divisórias irreconciliáveis. Nem há factos exclusivamente económicos, psicológicos ou simbólicos, enquanto compartimentos estanques, sendo que todos estes são dimensões inerentes a toda a ação humana (Silva & Pinto, 1986). O conceito de fenómeno social total é aqui particularmente relevante pois “qualquer facto que ocorra em sociedades arcaicas quer em modernas, é sempre complexo e pluridimensional” (Silva & Pinto, 1986, p. 17). Cada dimensão do fenómeno traz e obriga a uma diversidade de perspetivas, metodologias, definição de objetos de estudo, técnicas e instrumentos de análise que são, como diziam os nossos autores a propósito da diversidade das ciências sociais, sobretudo “objectos de natureza abstracto-formal” (Silva & Pinto, 1986, p. 17). A noção de que as ciências sociais seriam positivistas e as humanidades marcadas por uma espécie de subjetividade construtivista assente num labor de análise crítica, aquelas procurando a regularidade dos factos de durabilidade socio histórica condicional, estas centradas na procura do que é permanente e duradouro e qual o seu significado, é uma divisão que precisa ser questionada. Parte dessa diferença decorre da organização do campo académico e das suas lutas e tentativas de afirmação e legitimação de certos discursos. Outra, diz mais respeito a duas práticas que tanto podem ocorrer nas ciências sociais como nas humanidades, ambas, ciências do homem: a procura da fundamentação científica téorico-empírica de teses sobre factos humanos, em articulação com as interrogações problematizadoras e do questionamento reflexivo permanentes sobre nós, as nossas produções e os nossos olhares. A distinção ontológica entre descritivo e interpretativo que daí queiram retirar é cientificamente errada e, sobretudo, ideológica. O conceito de civilização do historiador F. Braudel inclui os contributos da geografia, da sociologia e da economia (1989). A sociologia também procura conhecer as lógicas do singular e desenvolve análise compreensiva e análise estrutural de conteúdos, procurando interpretar o sentido da ação e aferir a lógica simbólica das produções humanas, suportada em tarefas de hermenêutica aplicada a discursos e comportamento. Os estudos literários também se preocupam nas suas análises com o que é estruturante e até incluem a psicologia. E os estudos de Norbert Elias (1993) sobre Mozart, que remete para complexa C I Ê N C I A S S O C I A I S E H U M A N I D A D E S N O E N S I N O S U P E R I O R P O L I T É C N I C O N A S Á R E A S D O T U R I S MO E H O S P I T A L I D A D E

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