6 1 relação entre a estética, o cultural, a psicologia e a sociologia? E o uso dos recursos da informática para análise do discurso? E o que dizer da sociolinguística? E as interrogações filosóficas a que a ciência não é capaz de responder per si, mas que desta se servem para a sua fundamentação e, simultaneamente, lhe apontam caminhos? Esta visão de contaminação, complexidade, pluridimensionalidade, diálogo e tensão que não recusa a ideia de autonomia relativa entre as várias ciências do homem, também se observa na fronteira com o natural. Veja-se a relação entre a linguística e a neurociência, o paradigma da complexidade e da perspetiva transdisciplinar no conhecimento do homem que implica enfoques físico, biológico e antropossociológico (Morin, 1987), a centralidade dos fatores ambientais-naturais na configuração das culturas e sociedades humanas proposta por Jared Diamond (1999) ou a macro-história de Ian Morris (2014) e Yuval Harari (2013), onde os contributos interligados dos estudos culturais, da biologia, da geografia, da sociologia, da psicologia e da economia são convocados. 2. Modos de produção de conhecimento, o papel da academia, tipos de investigação e pensamento crítico Uma outra questão que tem um grande impacto na autonomia e legitimação das ciências do homem (o termo que vamos aqui usar para designar o conjunto das ciências sociais e humanidades) diz respeito ao debate sobre modos de produção de conhecimento, bem como os tipos de investigação mais legitimados. A situação atual sobre produção, objetivo e usos do conhecimento e da investigação está relacionada com o enfraquecimento do estatuto da academia e do papel que as ciências do homem podem ter na construção de uma sociedade de pessoas autónomas, capazes de autorreflexividade e de impulsionarem mudança e inovação. As ciências do homem podem-nos ajudar a ir além do deslumbramento com novas iterações de gadgets eletrónicos ou do embevecimento com expressões usadas acriticamente e que se transformam em buzzwords, como sejam ‘inovação, criatividade, capacidade de resolução de problemas, design thinking, empreendedorismo, competências, pensamento crítico, ensino-aprendizagem’, etc. Tal implica romper com a redução das CSH a saberes periciais transformados em técnicas operatórias ao serviço de senso comum acrítico ou de uma qualquer ideologia que se naturaliza, e com a obsessão para quantificar resultados C I Ê N C I A S S O C I A I S E H U M A N I D A D E S N O E N S I N O S U P E R I O R P O L I T É C N I C O N A S Á R E A S D O T U R I S MO E H O S P I T A L I D A D E
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