6 6 perguntas que o levassem a redefinir o problema. Usaria as técnicas periciais e os conceitos (frequentemente derivados de uma só perspetiva teórica) aprendidos na sua formação para aplicar na implementação daquelas ações, deste técnicas comunicacionais até à gestão de recursos humanos ou de pessoas. Poderia equacionar conhecimentos teóricos sobre a história da relação entre a introdução de tecnologia no trabalho e as reações negativas dos trabalhadores e até discutir duas leituras: a de que tal reação será irracional e fruto da ignorância; ou que a sua recusa é normal e racional. No entanto, seria essencial determinar se há ou não conflitualidade e se há problemas de produtividade centrados no desempenho efetivo dos empregados. E, se assim for, não haverá outras causas? Será que estudou o contexto alargado da situação económica e do emprego naquele setor de atividade ou o historial daquela empresa? É importante? Seguiu as representações do empresário, de quem fez a encomenda e não analisou isso; não recorreu a teoria sobre a posição social de quem fala ou a especificidade do campo em estudo. Não aprofundou a diversidade de teorias sobre conflito laboral e qual a pluralidade de fatores que afetam produtividade, nomeadamente culturais e organizacionais. Ou seja, aceitou um problema social definido por uma parte e nunca o transformou em objeto científico. Não questionou as suas próprias representações, os paradigmas teóricos subjacentes à sua ação, a natureza da relação de poder entre o cliente e o prestador do serviço. Por causa de um efeito de halo que, por vezes, acontece nestas situações, a intervenção do perito pode trazer alguma melhoria e conseguir debelar a gravidade da situação, ou a leitura do empregador até pode ser sólida, mas a verdade é que verdadeiramente não o saberemos. E, provavelmente nenhum dos atores envolvidos aprenderá realmente nada de novo que o capacite para a mudança social duradoura: o empresário, os empregados e o investigador. Por último, faz algum sentido referir aqui investigação fundamental, apesar de não ser o foco prioritário deste exemplo. Ela remete para as teorias de enquadramento de cariz mais ideal-típico ou paradigmas e axiomas subjacentes ao que se vai estudar, às técnicas usadas e aos conceitos mobilizados bem como às representações do investigador. O estudo deste caso, junto com outros, poderia trazer elementos reflexivos e críticos que contribuíssem para refletir sobre aquelas. Vejam-se paradigmas concorrentes sobre as causas do conflito C I Ê N C I A S S O C I A I S E H U M A N I D A D E S N O E N S I N O S U P E R I O R P O L I T É C N I C O N A S Á R E A S D O T U R I S MO E H O S P I T A L I D A D E
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