ESHTE Tourism Talks Vol. I

6 9 profissional. Do mesmo modo, também a investigação de base científica, o pensamento crítico, a cultura científica e a formação cultural são-lhe intrínsecas. Competências em sentido lato, aprendizagem profunda a nível técnico, interpessoal e social e conceptual (envolvendo as ciências relevantes para a sua atividade pericial e os contextos societais, naturais e tecnológicos onde a sua profissão se vai desenvolver), pensamento crítico e autorreflexividade são, assim, dimensões inerentes ao ensino superior politécnico. O discurso dominante nos universos sociais, profissionais, organizacionais e formativos da hotelaria, turismo, restauração e lazer tornam ainda mais importante o reforço do que aqui temos defendido. O seu discurso vocacionalista, o operacionalismo técnico, as explicações naturalizantes e psicologizantes (não sociais) sobre o trabalho, o emprego e a gestão nestas áreas, o privilegiar de capacidades cognitivas e intelectuais que contribuem sobretudo para desenvolver competências interpessoais e pessoais, objetivadas na resolução de problemas imediatos e na desvalorização do conhecimento teórico, do contexto e da compreensão dos fatores estruturais, a isso nos obrigam (Barrows & Johan, 2008; Belhassen & Caton, 2011; Ferraz, 2018). Esta tradição contribui para oferecer aos estudantes “um confortável sentido de certeza de que o mundo é, de facto, bem conhecido” (Belhassen & Caton, 2011, p. 1394), e traz o conforto da ideologia. Porém, “tal abordagem pode não preparar realmente os estudantes para singrarem num mundo que não funciona necessariamente com base nos princípios da racionalidade técnica” (Belhassen & Caton, 2011, p. 1392), ignorando a complexidade da vida social, da ação humana e da futura atividade profissional e seus ambientes. Ou seja, diminuindo a eficácia social dos contributos profissionais dos estudantes e sua capacidade para implementarem mudança. “Em relação ao turismo e hospitalidade, um dos grandes desafios pedagógicos de ensinar estudantes (...) é o de como desenvolver um sentido reflexivo de identidade que é simultaneamente académico/conceptual e profissional/aplicado” (Fullager & Wilson, 2012, p. 3). A diversidade, por vezes conflituante, de perspetivas e paradigmas entre ciências do homem e dentro de cada uma, a prática de partilha de conceitos, métodos e técnicas, a complexidade pluridimensional do fenómeno social, a contextualização socio histórica das produções humanas, o reconhecimento da incontornabilidade da dimensão simbólica na conduta humana e uma tradição de interpretação critica são características que fundamentam a importância das CSH. C I Ê N C I A S S O C I A I S E H U M A N I D A D E S N O E N S I N O S U P E R I O R P O L I T É C N I C O N A S Á R E A S D O T U R I S MO E H O S P I T A L I D A D E

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