8 0 C I D A D E , T U R I S MO E P A T R I MÓ N I O U R B A N O os residentes e para o comércio local, a eliminação de conflitos entre os vários modos de circulação é um importante fator para a reanimação do coração das cidades (Cazes & Potier, 1996). A proliferação de áreas pedonais e a aplicação de restrições no acesso dos veículos automóveis são, assim, vistos como contributos para uma gestão sustentável e para a humanização do espaço urbano, muito apreciados pelos turistas5. É também reconhecido como a segurança pública no destino, seja real ou percecionada, influencia a decisão da viagem ou perturba a plena apropriação do espaço turístico. As áreas urbanas centrais são frequentemente palco de processos sociais que afetam estas condições de segurança (Harrison, 1985), por vezes mais em período noturno, ou em fimde-semana. Mesmo que seja apenas uma perceção, sem base real e não partilhada pela população local, influenciada pelo despovoamento da inner city, a imagem que o turista forma da cidade é afetada. Este aspecto releva, embora, obviamente, não seja a razão essencial, para a necessidade de assegurar a revitalização da base social local; ainda assim, a segurança é frequentemente um dos objetivos das políticas públicas dirigidas a estas áreas. Ainda outro fator importante para a competitividade turística das cidades é a acessibilidade externa, que aqui se colocava – antes do atual contexto – muito em termos de acessibilidade aérea. Tratando-se de estadias de curta duração, exigindo tempos de deslocação também curtos, esta acessibilidade assumia um papel determinante. Sendo, quer em termos de procura, quer de oferta, o espaço europeu o relevante para esta abordagem, a disponibilidade de ligações diretas e a baixo custo, com tempos de voo que não excedam as três horas, afeta a decisão de viagem. Foi já muito debatido o papel das companhias aéreas low cost, por vezes associadas a um turismo de baixo poder de compra, mas que, na realidade, servem públicos bem mais vastos, que optam por transferir a despesa com o transporte para a despesa com a estadia6. A importância da proximidade dos aeroportos ao centro das cidades, com ligações rápidas e simples, é tido como contribuindo decisivamente para a competitividade urbana e foi amplamente discutida em Portugal, quando da avaliação das alternativas de localização 5 Um exemplo pioneiro e relevante é o da StrØget, em Copenhaga, tida como uma das mais antigas e a mais extensa das áreas pedonais em ruas comerciais na Europa. 6 De notar, por exemplo, o caso do Porto, em que a entrada em operação das companhias low cost foi certamente um dos fatores que contribuíram para a significativa dinâmica de crescimento turístico da cidade.
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