8 1 C I D A D E , T U R I S MO E P A T R I MÓ N I O U R B A N O para o novo aeroporto de Lisboa. Recorde-se que, no sector do turismo, foi muito consensual a importância da continuidade do aeroporto na Portela, visto como fator determinante de competitividade da capital. 3. O património urbano e a presença do turismo É reconhecido ao urbanista italiano Gustavo Giovannoni (1998) o estabelecimento do conceito de “património urbano”, alargando o reconhecimento do valor patrimonial aos tecidos urbanos e reorientando o enfoque que até aí se cingia apenas aos monumentos, enquanto objetos de valor. Este conceito integrou, assim, os múltiplos conteúdos, tangíveis e intangíveis, da cidade histórica. O conjunto do tecido urbano histórico, independentemente da presença de valores monumentais7, incluindo o parque edificado de mero acompanhamento, mas também o espaço público urbano, as ruas, praças e largos, os modos de vida, as chaves da identidade do lugar, são o verdadeiro objecto patrimonial nesta visão territorial e integradora. Se Giovannoni se apoiou na abordagem pioneira ao património e à “arte das cidades” de Sitte (1980), explanada em finais do século XIX, levou estas ideias a novas dimensões, inspirando-se em Camillo Boito para uma reflexão sobre o papel que as áreas urbanas históricas podem desempenhar na cidade hoje em dia (Choay, 1992). A questão do desempenho funcional – mas também simbólico – das áreas urbanas históricas, colocada em termos da contemporaneidade, remete a problemática deste património para o domínio do urbanístico e para a sua essencial apropriação pela sociedade atual. Depois de crescer na primeira metade do século XX como área científica relativamente afastada das questões do património e virada para a “cidade nova” e para a problemática da expansão urbana8, o urbanismo começou a olhar para as áreas históricas das cidades como um ambiente construído com qualidades próprias e como um ativo que importa valorizar. Desde os anos de 1960, sobretudo com o Townscape de Gordon Cullen (1961), 7 “La beauté n’est pas forcément monumentale”, disse Ragon. 8 “Town planning began as an attempt, not to understand cities, but to replace them with something better”, disse Bill Hillier.
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