ESHTE Tourism Talks Vol. I

8 2 C I D A D E , T U R I S MO E P A T R I MÓ N I O U R B A N O que os elementos do espaço urbano pré-industrial são vistos como encerrando um conjunto de qualidades que humanizam o quadro de vida e apelam aos visitantes. Por força deste novo paradigma e de iniciativas de investigação em diversas áreas disciplinares, como a sociologia, a antropologia ou a geografia, e a que não foi alheio o contributo do turismo, também a política cultural respondeu ao interesse pelo espaço urbano histórico, desenvolvendo instrumentos de gestão para estas áreas, enquanto conjuntos patrimoniais coerentes9. A presença de valores patrimoniais, quer tangíveis, como o edificado e o espaço público, quer intangíveis, como os modos de apropriação do espaço, a luz, as práticas sociais, enfim, tudo o que concorre para a formação de uma identidade, são os fatores de atratividade destas áreas. Trata-se de um “ambiente urbano”, algo de complexo e, por vezes, quase indefinível, mas que, mais do que os monumentos, está na essência do que se procura captar quando se visita estas cidades únicas. O património urbano, no sentido mais amplo que lhe atribuiu Giovannoni, é assim um elemento essencial para o turismo de City Breaks. No contexto europeu, a descoberta das cidades do “velho mundo”, de origem remota no tempo e sedimentadas ao longo de séculos de história, constitui uma motivação essencial, que enquadra outras motivações subsidiárias. Atendendo à natureza complexa deste património, onde releva o seu carácter essencialmente “urbano” – no sentido cultural, mas também territorial, funcional, social e económico – torna-se patente a inadequação das políticas públicas herdadas de uma perspectiva arcaica do património monumental para abordar os seus problemas. Neste sentido, as chamadas políticas dos “R” – a reabilitação, intervenções físicas para promover condições de uso dos edifícios e espaços públicos, a revitalização, dirigida à base socioeconómica local e a regeneração, como síntese de ambas – passaram a enquadrar as estratégias de acção e a estar presentes no debate público e na agenda política (CEMAT, 2011) Tratando-se de conjuntos vastos, integrando valores tangíveis e intangíveis, e num contexto em que o edificado é, sobretudo, de propriedade privada, a sua gestão impõe 9 Recorde-se o contributo pioneiro da “Lei Malraux” em 1962, na introdução do conceito dos secteurs sauvegardés.

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