ESHTE Tourism Talks Vol. I

8 3 C I D A D E , T U R I S MO E P A T R I MÓ N I O U R B A N O uma perspectiva estratégica capaz de lidar com múltiplas dimensões e fomentar o seu potencial para o desenvolvimento. Importa assegurar nestas áreas históricas a capacidade de atração de funções sociais e economicamente relevantes, nas quais se incluem as ligadas ao sistema turístico, que promovam a sua resiliência e sustentabilidade (BoavidaPortugal, 2004) É certo que as questões da sustentabilidade do património urbano, da sua capacidade de atrair investimentos e se afirmar num quadro de competitividade urbana, devem andar a par da defesa dos seus valores identitários – embora aceitando o carácter dinâmico da identidade – e do reconhecimento da importância patrimonial destes territórios. A este respeito, a evolução do pensamento da UNESCO nas últimas décadas, patente nos seus documentos doutrinários e orientadores e na sua atuação no terreno, é especialmente inspiradora. Releva para este argumento que a sustentabilidade destes “centros históricos”10 como áreas urbanas depende da sua capacidade de integrar as tensões da cidade. A questão da convivência com as necessidades atuais, da incorporação da mudança como fator indispensável à sustentabilidade11, evidencia o paradoxo com que se debate este património, preso entre a continuidade do lugar e a necessidade de lidar com as dinâmicas urbanas. A complexa relação que se estabelece nas áreas históricas com o turismo deve ser entendida neste contexto, como uma chave para a sustentabilidade do processo urbano, um contributo para assegurar "um futuro para o nosso passado"12. Embora sem um total consenso nas ciências da cidade sobre os efeitos do turismo em áreas históricas, diversos autores (Ashworth & Tunbridge, 2000; Orbasli, 2000; Tiesdell, et al., 1996) defendem o contributo do setor para o processo da sua regeneração, a que não é alheia a oportunidade de reabilitação do parque edificado. Trata-se, assim, através da definição de objectivos estratégicos de desenvolvimento, da implementação dos instrumentos de gestão adequados e da mobilização dos stakeholders que atuam no sistema, de criar sinergias com base nos recursos patrimoniais, enquanto se controlam os fatores de risco que os ameaçam. 10 Embora o conceito de centro histórico englobe realidades diversas, é aqui usado no sentido das áreas urbanas centrais e fundadoras das cidades mais antigas. 11 "An environment that cannot be changed invites its own destruction” (Lynch, 1972:39) 12 Tema do Ano Europeu do Património Arquitetónico, promovido pelo Conselho da Europa em 1975.

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