ESHTE Tourism Talks Vol. I

9 6 Em 2012 a Organização Mundial de Turismo (OMT) publica o primeiro relatório sobre turismo gastronómico e, em 2017, o Second Global Report on Gastronomy Tourism. Na introdução deste último, o Secretário-Geral da OMT afirma que a gastronomia é uma tendência da moda, um hobby para milhares, e uma das principais razões para muitos viajarem, sendo procurada pelos turistas da mesma forma que outros elementos das culturas visitadas, como a arte, a música ou a arquitectura. Ao longo do Relatório salientase ainda que o turismo gastronómico oferece um enorme potencial para estimular as economias locais, regionais e nacionais e melhorar a sustentabilidade e a inclusão, contribuindo positivamente para muitos níveis na cadeia de valor do turismo, como a agricultura e a produção agro-alimentar, e promovendo o crescimento económico inclusivo e sustentável, a inclusão social, o emprego e a redução da pobreza, a eficiência dos recursos, os valores culturais, a diversidade e o património (WTO, 2017). Em Portugal, a gastronomia e vinhos constitui um ‘produto’ considerado estratégico para o turismo (PENT 2007-2012 e 2013-2015, e Estratégia Turismo 2027), estimulando dinâmicas de oferta e de procura turística, e reconfigurações das paisagens e dos patrimónios locais. Lisboa constitui um exemplo de renovação e de gastronomização sem precedentes, que se traduz numa multiplicidade de mudanças ao nível dos espaços e dos conceitos de restauração, das práticas de comensalidade, das representações ligadas à comida, dos diferentes tipos de cozinhas (tendo conferido a certos bairros da cidade uma ambiência gastronómica anteriormente inexistente), da organização de eventos, do touring e das experiências gastronómicas e de vinhos. Dessa renovação faz parte a emergência de uma alta cozinha portuguesa, protagonizada por uma geração de jovens e inovadores chefs, coexistindo com a cozinha tradicional e com as cozinhas trazidas de outros lugares do mundo pelas comunidades imigrantes que hoje habitam a cidade (Moreira, 2020; Moreira & Tristão, 2019). A conquista de cada vez mais estrelas Michelin reflecte esta aposta na gastronomia. Nos últimos seis anos o número de estrelas Michelin atribuídas a restaurantes portugueses duplicou, passando de catorze, em 2016, para vinte e oito, em 20216. Cada vez mais os premiados são chefs mais jovens e com formação em escolas nacionais, alguns dos quais da ESHTE, o que nos enche de orgulho como instituição pioneira no ensino ligada à cozinha e à restauração e esperança no futuro. Uma nota final para prestar homenagem aos chefs, cozinheiros, pasteleiros e a todos os 6 A primeira estrela Michelin atribuída a um restaurante português data de 1910, em 2000 foram atribuídas sete e em 2021 esse valor passou para vinte e oito. G A S T R O N OM I A , U M P A T R I MÓ N I O A P E T E C Í V E L

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